Saiba como a crise grega pode contagiar o Brasil daqui para frente

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No Brasil, há pelo menos três efeitos indesejados que podem decorrer da crise grega: a alta do dólar, uma queda nas exportações e o aumento das taxas de juros. 

Nenhum deles é positivo para o país, que por um ajuste fiscal para equilibrar as contas do governo, que fecharam no vermelho no ano passado. 

Em um momento de corte de gastos e impostos mais altos, estes efeitos ajudam a complicar um pouco mais o cenário econômico. Para economistas, o país está em uma situação econômica tão crítica que qualquer piora na economia mundial tem efeitos ruins para o país.

Entenda os três efeitos mais prováveis da crise grega no Brasil:


1. O que acontece com o dólar?
Analistas acreditam que a crise grega pode provocar uma pressão maior sobre o câmbio, com a desvalorização do real frente ao dólar. Isso porque o mercado, em um ambiente de incerteza, pode ficar mais desconfiado em relação a países emergentes e isso afeta a cotação de suas moedas.
Em tese, estes países representam um risco maior aos investidores, levando a uma fuga de recursos para a moeda norte-americana, fazendo ela valer mais. No primeiro semestre de 2015, o dólar avançou quase 17% e tem subido gradativamente, conforme a crise grega tomou proporções mais sérias.
A desvalorização do real pode pressionar a inflação no Brasil. Com o dólar mais caro, os brasileiros tendem a consumir mais por aqui e deixam de comprar no exterior, elevando os preços no Brasil.
Em junho, a inflação em 12 meses acumulou alta de 8,89% – bem acima do teto de 6,5% para o ano estabelecido pelo governo. A inflação do primeiro semestre fechou em 6,17%, depois de encerrar os seis primeiros meses de 2014 em 3,75%. Foi o maior resultado, para o período, desde 2003.
Exportações de industrializados batem US$ 742,4 milhões no trimestre

Dólar ante o Real
2. As exportações podem ser afetadas?
Embora a alta do dólar favoreça os exportadores brasileiros, valorizando suas mercadorias lá fora, o país também pode ser prejudicado se parceiros comerciais do Brasil na Europa forem afetados pela crise, em um momento em que o país precisa exportar mais mercadorias.
A União Europeia – que pode ser diretamente afetada pela eventual saída da Grécia da zona do euro –, é uma importante parceira comercial do Brasil desde 2007. Nosso país é o maior exportador individual de produtos agrícolas para a UE e pode ser prejudicado por uma eventual queda na demanda por essas mercadorias.
No primeiro semestre do ano, a balança comercial teve um superávit (exportou mais do que importou) de US$ 2,2 bilhões, o melhor resultado desde 2012, ajudado pela alta do dólar. Uma queda na demanda internacional, porém, pode afetar as exportações brasileiras e ajudar a reverter esse quadro.

Dinheiro e Juros
3. Pode haver efeito sobre os juros?
Um terceiro efeito pode vir do aumento das taxas de juros pagas sobre o dinheiro vindo do exterior, já que pode aumentar a aversão dos investidores ao risco. A alta dos juros ajuda a controlar a inflação por aqui, mas encarece o crédito e dificulta a vida das famílias que compram a prazo.
Toda vez que há incertezas ou crises econômicas no mundo, os países emergentes são vistos com mais desconfiança pelo mercado, já que suas economias são consideradas mais frágeis. Por isso, são obrigados a aumentar a recompensa (juros) de seus títulos públicos para atrair o investidores estrangeiros.
Quanto mais elevados os juros de um país, maior é o risco de calote ou quebra ele representa. O Banco Central já vem subindo a taxa Selic desde 2013 para tentar controlar a inflação, alcançando o patamar atual de 13,75%.
Acredita-se que, com a inflação fora de controle, o BC vai elevar ainda mais os juros, que devem terminar 2015 acima de 14% ao ano. Em março, o Brasil voltou a ser líder mundial no pagamento de juros reais (descontada a inflação), segundo levantamento da consultoria MoneYo
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